quinta-feira, 27 de junho de 2013

A festa do Verão

"Afluem os penitentes, alguns de bem longes terras, para cumprir suas promessas. Ali vai o alqueire de centeio, pendente do jugo daquela junta de bois, de chifres engalanados de flores. Mais atrás, lindo jumentinho esbranquiçado alomba com um bom taleigo de chícharros. Lá vai aquela mulher tesa e hierática  que «pormeteu» vir à festa sem dar uma única fala... Outra rapariga, seios túrgidos, o lábio sensual e bom, porque casou, vai levar as suas argolas em oiro. Aqueloutra, que esteve às portas, da última vez que pariu, vai oferecer um menino de cera, em tamanho natural. Ai!, e aquela pobre mãe que prometeu dar sete voltas, de joelhos, à capela, por o filho ter vindo são e salvo de África. Ei-la arrastando-se penosamente, joelhos em chaga, amparada nas últimas voltas, pelo próprio filho, deixando antever na sua máscara de dor, um vislumbre de felicidade...
Entretanto, ali mesmo ao lado, no «recinto», a classe engravatada, folga, ri, dança, damas e madamos, estreando fatiotas novas, ostentando amorável pirismo..."
Texto: Monografia de Valpaços, A. Veloso Martins (2.ªEdição, 1990)

Sem comentários:

Enviar um comentário